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Mestre Minoru Mochizuki
Nasceu em 1907 em Shizuoka. O avô, ultimo descendente de uma linha de Samurais de elevado grau durante a era Meiji, empurrado para miséria, acabou por se estabelecer num albergue em Tokkaido (a antiga via que ligava Tóquio a Quioto) e ensinar a arte do sabre, mas também, às crianças das redondezas, a leitura, o cálculo, e todas as bases do conhecimento. O pai, excelente no sabre, bom lutador de Sumo, mas simples camponês, sofreu revézes da fortuna sendo obrigado a partir para Tóquio onde arranjou um pequeno emprego nos transportes fluviais e criou 12 crianças, das quais 5 filhos, que farão todos os seus estudos. Acontece que em frente da casa de habitação familiar existia um Dojo... Minoru Mochizuki começará aí com Judo aos 5 anos, com o Mestre Tabeke, um antigo aluno do Mestre Jigaro Kano. A familia muda de casa dois anos depois para se reinstalar noutro lado... de novo frente a um Dojo, o Kendokan do Mestre Sanbo Toku (um campeão de Judo que terá batido 165 adversários em linha quando era um adolescente) onde, como indica a razão social do Dojo (Ken = sabre), era ensinado o Kendo. O próprio Mestre Sanbo Toku era uma das melhores lâminas do Japão e não aceitava alunos de sabre abaixo de 3º Dan, perante o entusiasmo do pequeno Minoru com as artes marciais, aceitou tomá-lo como aluno em Judo e Ken (sabre).
Num estágio, Minoru é apresentado ao grande Mestre Kyuzo Mifune (1883-1965, que entrou no Kodokan em 1903, aluno directo do Mestre Kano, o seu Kuki Nage "especial" ainda fazia estragos, nomeado 10º Dan em 1945, escreverá as suas memórias "Judo Kaikoroku" em 1953). Minoru depressa será cativado pelo Mestre Mifune, excepcional pedagogo "ele explica os movimentos" (o que era impensável no Japão: ou bem que se compreende logo o movimento demonstrado... geralmente uma única vez e pode-se continuar... ou bem que não se compreende e é melhor fazer outra coisa). O Mestre Mifune é também um narrador de histórias sem par (a história da telha dentro do Kimono) e as crianças sucumbem todas aos seus talentos. Com o acordo do Mestre Toku, Minoru passará rapidamente a ir todos os dias para o afastado Dojo de Mifune (correndo para não chegar tarde a casa). Este, por seu lado, para lhe evitar estas perdas de tempo, depressa lhe oferece a possibilidade de o tomar como Uchi Deshi (aluno interno). Mas Minoru fica doente e tem de ficar 6 meses em casa, em Shizuoka, para se tratar (Mifune, sem nada dizer, pagará as consultas) e, de regresso ao Dojo, tem a surpresa de ser convidado para o Kodokan pelo próprio Mestre Jigoro Kano... gratuitamente.
Estamos em 1922, Minoru tem 15 anos, e rapidamente os resultados se encadeiam: 1º Dan em 1927 (e 2º Dan de Kendo), depois assistente do Mestre Mifune. Além disso, continua os seus estudos e obterá o seu diploma de Osteopata, entrando também na política, para se juntar àqueles que sonham com uma Ásia Unida e com um Grande Japão com o Dai Nippon Kyokai. O sonho não era o dos militares, dir-nos-á maisl tarde, mas uma utopia idealista...
Em 1928 passa o seu 3º Dan de Judo e arranja tempo para seguir o curso da Gyokushin Ryu, uma antiga escola de Bujutsu especialista em Sutemi, da qual recebe o Menkyo Kaiden.
Sutemi, de que dirá mais tarde "Sacrificar-se para ficar com a vida do seu inimigo é fazer Ai Uchi, unir-se com ele, para a glória e para a vida". Após a criação do Kobudo Kenkukai pelo Mestre Kano (organismo criado para associar ao Judo as antigas técnicas de Bujutsu), o Kodokan selecciona uma trintena de Judokas, entre eles Minoru, e confia-os 2 vezes por mês a 4 professores da Katori Shinto Ryu. Mas, embora os cursos fossem muito caros e pagos pelo Mestre Kano, todos abandonam antes do 5º curso, excepto Minoru. O Mestre Kano seleccionará então ele próprio 9 outros, mais Minoru, e desta vez não haverá abandonos. Minoru claro, e Yoshio Sugino, vêm ambos mesmo assim queixar-se (é Minoru que falará). O Mestre "Fulano" mostra-nos esta técnica desta maneira... O Mestre "Sicrano" mostra-a de forma diferente... quem é que devemos ouvir?
O Mestre Kano responderá invariavelmente neste tipo de situação, que se repetirá na Tenshin Shōden Katori Shintō-ryū e noutros lados, "rejeita e encontra tu próprio" (faremos deste conselho uma prioridade nos nossos ensinamentosm, eis a explicação).
Com efeito, dos 4 professores da Tenshin Shōden Katori Shintō-ryū: Tamai Sato (70 anos), Kubokai Sozaemon (50 anos), Ito Takenichi (45 anos) e Shina Ichiza (38 anos), cada um ensinava de facto o Kenjutsu de forma diferente, o que não deixava de lançar a inquietação nos espíritos dos protegidos do Mestre Kano, mais habituados ao rígido Gokyo do Judo, e isto porque a Katori Shintō-ryū vivia nessa época um período dificil da sua existência. O seu último Soke, Morisada Lizasa, morto em 1897, tinha deixado o Ryu sem herdeiro masculino, pelo que a escola teve de funcionar sob a responsabilidade de um chefe instrutor, o Shihan Yamaguchi, e de 9 professores que partilharam o ensino até 1918, ano do próprio Yamaguchi. Depois, um colégio de Shian, formado pelos Sensei Kamagata, Tamai, Shina, Ito, Kuboki, Isobe, Hayashi e Motoniga assegurou a rendição, donde a reflexão dos nossos Judokas. Finalmente, Minoru receberá os Menkyo Kaiden da Katori Shintō-ryū e ser-lhe-à oferecida em casamento uma descendente de Lizasa, para que se tornasse o 19º Soke da Ryu, o que ele recusou, por não querer deixar o Mestre Kano, seu protector (e sobretudo porque já estava prometido a uma jovem duma familia nobre dos lados de Shizuoka, com a qual se casará no início dos anos 30... quanto à Katori Shintō-ryū, a sua descendência será finalmente assegurada em 1929 quando o Sensei Kinjiro se casa com a descendente em questão, sendo então o seu filho o 20º Soke. Entretanto, o Mestre Otake encarregar-se-à da direcção do ensino). Tudo isto para explicar as notáveis diferenças entre as técnicas do Kenjutsu e do Iaijutsu ensinadas em nome da Katori Shintō-ryū pelo Mestre Mochizuki, Sugino, e muitos outros, e o próprio Otake...
Em 1929 Minoru apresenta a Katame No Kata com o Mestre Kano, frente a uma plateia de embaixadores estrangeiros, depois dirige um estágio de Judo no liceu de Chiba, quando fica de novo doente (problemas pulmonares). Desta vez é o Mestre Kano que suportará as despesas das consultas e do hospitais... Depois de curado, e sempre pela Kobudo Kenkukan (ou Kai), o Mestre Kano envia-o em 1930 para seguir os ensinamentos do Mestre Ueshiba em Takemusu Aiki e em Aikijujutsu, oferecendo-lhe os honorários pedidos ("astronómicos" dirá Minoru mais tarde). Vai também seguir os cursos do Mestre Kooji Shimizu da Shindo Muso Ryu Bo-jutsu, depois aqueles do Mestre Nakayama Hakudo em Iaijutsu na Muso Shinden Ryu. Tinha também que fazer, por cada curso seguido e semanalmente, um relatório onde detalhava as técnicas, descrevia a que lhe parecia mais eficaz e o que pensava dela; invariavelmente, o Mestre Kano, de seguida, dizia-lhe "é eficaz?... sim, guarda-a... não, deita-a fora". Em Junho de 1931 Minoru Mochizuki abre o Yoseikan Budo ("Yo" significa ensino, "Sei" significa verdade, "Kan" significa sítio ou local, tudo junto pode-se traduzir como "O sítio onde se ensina a verdade" neste caso a verdade do Budo), sendo o Mestre Ueshiba quem descobre o local em função das forças telúricas e cósmicas e de uma suposta fonte (donde a água jorrará em profusão). Mais tarde baptizará o seu estilo de Aikido Ju-jutsu, depois de o Mestre Ueshiba empregar o termo Aikido. Este também lhe ofereceu a filha em casamento e a sua sucessão, mas mais uma vez ele recusou (sabemos porquê). Será um outro aluno da época que casará com a menina, o futuro Mestre Tohei, agora nos E.U.A.
Em 1933, Minoru participa brilhantemente nos campionatos de Judo regionais, continua a receber os ensinamentos do Mestre Ueshiba de quem se torna assistente e de quem recebe directamente os Okuden Inka da Daito-Ryu Aiki-jutsu (a maior distinção, sob a forma de dois rolos de pergaminho com dois metros de comprimento contendo a descrição das técnicas secretas, mostrou-nos ele). Em 1935 ganha em combate o seu 5º Dan de Judo e o Mestre Ueshiba envia-o para ensinar a Polícia Militar e a Polícia Nacional. No ano seguinte é enviado com a sua familia para a china, como cooperante, onde será director do Liceu de Mongóis, na cidade de Paou-To, e sub-prefeito do departamento chinês Sei-Sui-Ga (o governo Japonês, como bom ocupante, reservava-se o direito de nomear os Prefeitos e Sub-Prefeitos). Na Mongólia aprende o Karate, com o filho de Kudara, o antigo Rei das ilhas Ryu Kyu (Okinawa) e especialista em Shuri-Te, e cria a Kata de Atemi Hapoken (o punho nas 8 direcções). Também fará Karate, no regresso, com o próprio Gichin Funakoshi, em Tóquio.
Frequenta as Artes Marciais locais mas acha o Tai Chi Chuan muito aborrecido e, nos combates (amigáveis?) com os especialistas chineses obtém sempre vitória, ensinando-lhes as Artes Marciais Japonesas.
Minoru Mochizuki ficará retido ainda algum tempo na China e na Mongólia, mesmo depois do fim da guerra, voltando ao Japão apenas em 1947, para reconstruir o Dojo Yoseikan, em Shizuoka, que fora arrasado com os bombardeamentos de 1944/ 1945 e retoma o ensino a partir do levantamento da proibição das artes marciais, juntando-lhes o Ate Waza do Karate Shotokan, primeiro, depois Wado Ryu. Nessa época recebe o seu 6º Dan de Judo, 8º Dan de Aikido, e o 4º Dan de Karate.
No Verão de 1951 é enviado à Europa pelo Governo Japonês, para renovar as ligações entre Universidades Europeias e Japonesas, sendo acompanhado de Hayakawa, 7º Dan do Kodokan (este para estudar o desenvolvimento do Judo fora do Japão). Toma assim contacto com os Budokas Franceses no Ju-jutsu Club de France, dirigido pelo Mestre Kawaishi e faz demonstrações sobre demonstrações. O acolhimento é entusiástico e mostra um Judo diferente do Mestre Kawaishi (o Judo Kodokan), esse Judo, mesmo sem empregar a mesma classificação nem os mesmos nomes que o Mestre Kawaishi, não desencadeia da parte dos Clubes Nacionais Franceses qualquer reacção específica na altura. Aliás, Mochizuki dizia querer ficar algum tempo, tendo-lhe sido oferecido pela Federação Francesa de Judo o título de Assistente do director Técnico.
Mas depressa um diferendo oporá Kawaishi a Mochizuki, o primeiro intimando o segundo a praticar o "seu" Judo e o "seu" método, ou de se isolar no ensino de outras Artes Marciais Japonesas... O que Mochizuki fará de um modo geral no Ju-jutsu Club de França (e bastante menos nos outros Clubes!). Também não oficialmente Mochizuki toma conhecimento do Boxe Inglês, Francês, da luta e da esgrima com florete
Ao que parece, Mochizuki e o seu amigo Osawa fazem campanha nos meios sensíveis contra a bomba atómica francesa e por razões de alta política, aquele recebe a oferta de um bilhete de volta no primeiro avião com partida para o Japão. De volta ao Japão Mochizuki retoma o ensino no Yoseikan e em 1956 recebe o 5º Dan de Kendo, depois 5º Dan de Jodo. Em 1957 pede ao seu filho para fazer uma paragem em França, quando ele próprio recebe no seu Dojo os primeiros franceses tais como Galecier, Normand e um Tunisino Alcheik, nós faremos parte da segunda vaga...
Em 1959 é 7º Dan de Judo, em 1960 recebe a Medalha de Prata da cidade de Paris (sem rancor...) e em 1963 o seu filho volta a França onde se instala. Em 1971 volta para dirigir um estágio. Em 1973 dirige um estágio em Saigão. Em 1976 é elevado ao grau de 8º Dan Hanshi de Judo. Em 1978 a Kokusai Budo In nomeia-o 9º Dan de Nihon Ju-jutsu, e em 1979 recebe o 10º Dan de Aikido das mãos de um membro da família Imperial. Será também 7º Dan Hanshi de Iaijutsu e 8º Dan de Katori Shinto Ryu... tornando-se assim o Budoka com maior acumulação de Dan no mundo. Em 1948 o Mestre Mochizuki aceita a presidência de honra do nosso Ryu e nós honramo-lo sempre como tal.
Dos seus ensinamentos sublinhamos alguns "clássicos". Sobre o Desporto: deve poder praticar-se sem perigo pelo que é necessário eliminar todas as técnicas perigosas... Sobre o Bu-jutsu: a verdadeira eficácia consiste em matar o mais rápido possível... Estive em bastantes combates... Desembainhei o sabre e devastei o campo inimigo... Na sua origem o Bu-jutsu era governar e proteger o povo, era polir o espírito e afrontar a morte sem medo para poder destruir o inimigo... O Bu-jutsu não oferece qualquer alternativa, a vitória ou a derrota... Presentemente é preciso não deixar que o Bu-jutsu se transforme num instrumento de ambição e de poder. Sobre o Aiki: Aiki é pressentir a intenção do inimigo que quer atacar "Aiki No Jutsu"...
Num estágio, Minoru é apresentado ao grande Mestre Kyuzo Mifune (1883-1965, que entrou no Kodokan em 1903, aluno directo do Mestre Kano, o seu Kuki Nage "especial" ainda fazia estragos, nomeado 10º Dan em 1945, escreverá as suas memórias "Judo Kaikoroku" em 1953). Minoru depressa será cativado pelo Mestre Mifune, excepcional pedagogo "ele explica os movimentos" (o que era impensável no Japão: ou bem que se compreende logo o movimento demonstrado... geralmente uma única vez e pode-se continuar... ou bem que não se compreende e é melhor fazer outra coisa). O Mestre Mifune é também um narrador de histórias sem par (a história da telha dentro do Kimono) e as crianças sucumbem todas aos seus talentos. Com o acordo do Mestre Toku, Minoru passará rapidamente a ir todos os dias para o afastado Dojo de Mifune (correndo para não chegar tarde a casa). Este, por seu lado, para lhe evitar estas perdas de tempo, depressa lhe oferece a possibilidade de o tomar como Uchi Deshi (aluno interno). Mas Minoru fica doente e tem de ficar 6 meses em casa, em Shizuoka, para se tratar (Mifune, sem nada dizer, pagará as consultas) e, de regresso ao Dojo, tem a surpresa de ser convidado para o Kodokan pelo próprio Mestre Jigoro Kano... gratuitamente.
Estamos em 1922, Minoru tem 15 anos, e rapidamente os resultados se encadeiam: 1º Dan em 1927 (e 2º Dan de Kendo), depois assistente do Mestre Mifune. Além disso, continua os seus estudos e obterá o seu diploma de Osteopata, entrando também na política, para se juntar àqueles que sonham com uma Ásia Unida e com um Grande Japão com o Dai Nippon Kyokai. O sonho não era o dos militares, dir-nos-á maisl tarde, mas uma utopia idealista...
Em 1928 passa o seu 3º Dan de Judo e arranja tempo para seguir o curso da Gyokushin Ryu, uma antiga escola de Bujutsu especialista em Sutemi, da qual recebe o Menkyo Kaiden.
Sutemi, de que dirá mais tarde "Sacrificar-se para ficar com a vida do seu inimigo é fazer Ai Uchi, unir-se com ele, para a glória e para a vida". Após a criação do Kobudo Kenkukai pelo Mestre Kano (organismo criado para associar ao Judo as antigas técnicas de Bujutsu), o Kodokan selecciona uma trintena de Judokas, entre eles Minoru, e confia-os 2 vezes por mês a 4 professores da Katori Shinto Ryu. Mas, embora os cursos fossem muito caros e pagos pelo Mestre Kano, todos abandonam antes do 5º curso, excepto Minoru. O Mestre Kano seleccionará então ele próprio 9 outros, mais Minoru, e desta vez não haverá abandonos. Minoru claro, e Yoshio Sugino, vêm ambos mesmo assim queixar-se (é Minoru que falará). O Mestre "Fulano" mostra-nos esta técnica desta maneira... O Mestre "Sicrano" mostra-a de forma diferente... quem é que devemos ouvir?
O Mestre Kano responderá invariavelmente neste tipo de situação, que se repetirá na Tenshin Shōden Katori Shintō-ryū e noutros lados, "rejeita e encontra tu próprio" (faremos deste conselho uma prioridade nos nossos ensinamentosm, eis a explicação).
Com efeito, dos 4 professores da Tenshin Shōden Katori Shintō-ryū: Tamai Sato (70 anos), Kubokai Sozaemon (50 anos), Ito Takenichi (45 anos) e Shina Ichiza (38 anos), cada um ensinava de facto o Kenjutsu de forma diferente, o que não deixava de lançar a inquietação nos espíritos dos protegidos do Mestre Kano, mais habituados ao rígido Gokyo do Judo, e isto porque a Katori Shintō-ryū vivia nessa época um período dificil da sua existência. O seu último Soke, Morisada Lizasa, morto em 1897, tinha deixado o Ryu sem herdeiro masculino, pelo que a escola teve de funcionar sob a responsabilidade de um chefe instrutor, o Shihan Yamaguchi, e de 9 professores que partilharam o ensino até 1918, ano do próprio Yamaguchi. Depois, um colégio de Shian, formado pelos Sensei Kamagata, Tamai, Shina, Ito, Kuboki, Isobe, Hayashi e Motoniga assegurou a rendição, donde a reflexão dos nossos Judokas. Finalmente, Minoru receberá os Menkyo Kaiden da Katori Shintō-ryū e ser-lhe-à oferecida em casamento uma descendente de Lizasa, para que se tornasse o 19º Soke da Ryu, o que ele recusou, por não querer deixar o Mestre Kano, seu protector (e sobretudo porque já estava prometido a uma jovem duma familia nobre dos lados de Shizuoka, com a qual se casará no início dos anos 30... quanto à Katori Shintō-ryū, a sua descendência será finalmente assegurada em 1929 quando o Sensei Kinjiro se casa com a descendente em questão, sendo então o seu filho o 20º Soke. Entretanto, o Mestre Otake encarregar-se-à da direcção do ensino). Tudo isto para explicar as notáveis diferenças entre as técnicas do Kenjutsu e do Iaijutsu ensinadas em nome da Katori Shintō-ryū pelo Mestre Mochizuki, Sugino, e muitos outros, e o próprio Otake...
Em 1929 Minoru apresenta a Katame No Kata com o Mestre Kano, frente a uma plateia de embaixadores estrangeiros, depois dirige um estágio de Judo no liceu de Chiba, quando fica de novo doente (problemas pulmonares). Desta vez é o Mestre Kano que suportará as despesas das consultas e do hospitais... Depois de curado, e sempre pela Kobudo Kenkukan (ou Kai), o Mestre Kano envia-o em 1930 para seguir os ensinamentos do Mestre Ueshiba em Takemusu Aiki e em Aikijujutsu, oferecendo-lhe os honorários pedidos ("astronómicos" dirá Minoru mais tarde). Vai também seguir os cursos do Mestre Kooji Shimizu da Shindo Muso Ryu Bo-jutsu, depois aqueles do Mestre Nakayama Hakudo em Iaijutsu na Muso Shinden Ryu. Tinha também que fazer, por cada curso seguido e semanalmente, um relatório onde detalhava as técnicas, descrevia a que lhe parecia mais eficaz e o que pensava dela; invariavelmente, o Mestre Kano, de seguida, dizia-lhe "é eficaz?... sim, guarda-a... não, deita-a fora". Em Junho de 1931 Minoru Mochizuki abre o Yoseikan Budo ("Yo" significa ensino, "Sei" significa verdade, "Kan" significa sítio ou local, tudo junto pode-se traduzir como "O sítio onde se ensina a verdade" neste caso a verdade do Budo), sendo o Mestre Ueshiba quem descobre o local em função das forças telúricas e cósmicas e de uma suposta fonte (donde a água jorrará em profusão). Mais tarde baptizará o seu estilo de Aikido Ju-jutsu, depois de o Mestre Ueshiba empregar o termo Aikido. Este também lhe ofereceu a filha em casamento e a sua sucessão, mas mais uma vez ele recusou (sabemos porquê). Será um outro aluno da época que casará com a menina, o futuro Mestre Tohei, agora nos E.U.A.
Em 1933, Minoru participa brilhantemente nos campionatos de Judo regionais, continua a receber os ensinamentos do Mestre Ueshiba de quem se torna assistente e de quem recebe directamente os Okuden Inka da Daito-Ryu Aiki-jutsu (a maior distinção, sob a forma de dois rolos de pergaminho com dois metros de comprimento contendo a descrição das técnicas secretas, mostrou-nos ele). Em 1935 ganha em combate o seu 5º Dan de Judo e o Mestre Ueshiba envia-o para ensinar a Polícia Militar e a Polícia Nacional. No ano seguinte é enviado com a sua familia para a china, como cooperante, onde será director do Liceu de Mongóis, na cidade de Paou-To, e sub-prefeito do departamento chinês Sei-Sui-Ga (o governo Japonês, como bom ocupante, reservava-se o direito de nomear os Prefeitos e Sub-Prefeitos). Na Mongólia aprende o Karate, com o filho de Kudara, o antigo Rei das ilhas Ryu Kyu (Okinawa) e especialista em Shuri-Te, e cria a Kata de Atemi Hapoken (o punho nas 8 direcções). Também fará Karate, no regresso, com o próprio Gichin Funakoshi, em Tóquio.
Frequenta as Artes Marciais locais mas acha o Tai Chi Chuan muito aborrecido e, nos combates (amigáveis?) com os especialistas chineses obtém sempre vitória, ensinando-lhes as Artes Marciais Japonesas.
Minoru Mochizuki ficará retido ainda algum tempo na China e na Mongólia, mesmo depois do fim da guerra, voltando ao Japão apenas em 1947, para reconstruir o Dojo Yoseikan, em Shizuoka, que fora arrasado com os bombardeamentos de 1944/ 1945 e retoma o ensino a partir do levantamento da proibição das artes marciais, juntando-lhes o Ate Waza do Karate Shotokan, primeiro, depois Wado Ryu. Nessa época recebe o seu 6º Dan de Judo, 8º Dan de Aikido, e o 4º Dan de Karate.
No Verão de 1951 é enviado à Europa pelo Governo Japonês, para renovar as ligações entre Universidades Europeias e Japonesas, sendo acompanhado de Hayakawa, 7º Dan do Kodokan (este para estudar o desenvolvimento do Judo fora do Japão). Toma assim contacto com os Budokas Franceses no Ju-jutsu Club de France, dirigido pelo Mestre Kawaishi e faz demonstrações sobre demonstrações. O acolhimento é entusiástico e mostra um Judo diferente do Mestre Kawaishi (o Judo Kodokan), esse Judo, mesmo sem empregar a mesma classificação nem os mesmos nomes que o Mestre Kawaishi, não desencadeia da parte dos Clubes Nacionais Franceses qualquer reacção específica na altura. Aliás, Mochizuki dizia querer ficar algum tempo, tendo-lhe sido oferecido pela Federação Francesa de Judo o título de Assistente do director Técnico.
Mas depressa um diferendo oporá Kawaishi a Mochizuki, o primeiro intimando o segundo a praticar o "seu" Judo e o "seu" método, ou de se isolar no ensino de outras Artes Marciais Japonesas... O que Mochizuki fará de um modo geral no Ju-jutsu Club de França (e bastante menos nos outros Clubes!). Também não oficialmente Mochizuki toma conhecimento do Boxe Inglês, Francês, da luta e da esgrima com florete
Ao que parece, Mochizuki e o seu amigo Osawa fazem campanha nos meios sensíveis contra a bomba atómica francesa e por razões de alta política, aquele recebe a oferta de um bilhete de volta no primeiro avião com partida para o Japão. De volta ao Japão Mochizuki retoma o ensino no Yoseikan e em 1956 recebe o 5º Dan de Kendo, depois 5º Dan de Jodo. Em 1957 pede ao seu filho para fazer uma paragem em França, quando ele próprio recebe no seu Dojo os primeiros franceses tais como Galecier, Normand e um Tunisino Alcheik, nós faremos parte da segunda vaga...
Em 1959 é 7º Dan de Judo, em 1960 recebe a Medalha de Prata da cidade de Paris (sem rancor...) e em 1963 o seu filho volta a França onde se instala. Em 1971 volta para dirigir um estágio. Em 1973 dirige um estágio em Saigão. Em 1976 é elevado ao grau de 8º Dan Hanshi de Judo. Em 1978 a Kokusai Budo In nomeia-o 9º Dan de Nihon Ju-jutsu, e em 1979 recebe o 10º Dan de Aikido das mãos de um membro da família Imperial. Será também 7º Dan Hanshi de Iaijutsu e 8º Dan de Katori Shinto Ryu... tornando-se assim o Budoka com maior acumulação de Dan no mundo. Em 1948 o Mestre Mochizuki aceita a presidência de honra do nosso Ryu e nós honramo-lo sempre como tal.
Dos seus ensinamentos sublinhamos alguns "clássicos". Sobre o Desporto: deve poder praticar-se sem perigo pelo que é necessário eliminar todas as técnicas perigosas... Sobre o Bu-jutsu: a verdadeira eficácia consiste em matar o mais rápido possível... Estive em bastantes combates... Desembainhei o sabre e devastei o campo inimigo... Na sua origem o Bu-jutsu era governar e proteger o povo, era polir o espírito e afrontar a morte sem medo para poder destruir o inimigo... O Bu-jutsu não oferece qualquer alternativa, a vitória ou a derrota... Presentemente é preciso não deixar que o Bu-jutsu se transforme num instrumento de ambição e de poder. Sobre o Aiki: Aiki é pressentir a intenção do inimigo que quer atacar "Aiki No Jutsu"...